domingo, 30 de novembro de 2008

Do e-learning ao m-learning: prioridade à aprendizagem



O debate sobre o papel das tecnologias não é apenas dos nossos dias. Esta polémica foi alvo, já no século passado, de discussão, metamorfoses nas políticas educacionais e de reflexão por parte de investigadores e actores educativos.
O século passado trouxe o telefone, o gravador de áudio, o filme, a rádio, a televisão, os jogos de vídeo, os computadores, os telemóveis e a Internet. Com o evoluir das tecnologias as gerações jovens (nativos digitais) cresceram habituadas a usar o iPod para armazenamento de música e dados, Wikis para colaborar, o YouTube para distribuir vídeos, jogos de estratégia para desenvolver o raciocínio e podcasts para partilhar discursos e apresentações (Bernholz, 2006). Mas estará a escola a acompanhar estas tendências? O desenvolvimento das tecnologias wireless e dispositivos móveis deixa antever o aparecimento de novos ambientes de aprendizagem, como o mobile learning que as instituições educativas deverão aproveitar.
Mostakhdemin-Hosseini e Tuimala, (2005) entendem o m-learning como uma extensão do e-learning e a transição entre o e-learning e o m-learning trouxe mudanças terminológicas importantes (Laouris & Eteokleous, 2005) que importa conhecer e distinguir.
Falar em m-learning é muito mais do que falar em aceder a conteúdos educativos através de um telemóvel ou outro dispositivo móvel qualquer. Trata-se também do melhor suporte para um rápido e fácil acesso a ferramentas, conteúdos e informação em qualquer lugar e a qualquer hora. Para começar a utilizar o m-learning em contexto educativo, nada mais fácil do que começar com uma pequena página Web formatada correctamente para ser acedida em diferentes dispositivos. É já possível adicionar imagens e algum flash para que fique mais interessante. O editor de páginas Web para telemóvel Wirenode é um bom exemplo da facilidade de construção de páginas Web versão mobile. Depois disto é sondar os alunos sobre a sua utilização na sala de aula e deixá-los que apresentem outras ferramentas adicionais a incluir no m-learning.
O m-learning é mais uma ferramenta adicional para a sala de aula, em vez das habituais fotocópias ou manuais. Não se trata de substituir uma por outra, mas de a integrar sempre que seja mais indicado. Com a capacidade que hoje os telemóveis têm de acesso à Internet, é possível ao aluno, enquanto espera o autocarro, no consultório, na fila para a cantina, ou em qualquer outro local, aceder a qualquer tipo de informação. O m-learning permite disponibilizar ao aprendente conteúdos que podem ser acedidos onde e quando ele deseje. Não se trata de um conceito revolucionário, no entanto, apresenta grandes vantagens quando aplicado à aprendizagem, pela simplicidade e rapidez com que se pode aprender em qualquer contexto. O m-learning é mais do que cursos ou aulas no telemóvel é a possibilidade de aceder a leitores RSS, de aceder a diferentes aplicações, sites Web, a aplicações Web 2.0 e outras ferramentas que podem estar acessíveis através de um qualquer dispositivo móvel. Com um destes dispositivos providencia-se ao aprendente a possibilidade de recuperar informação em mobilidade sempre que o necessite e pode funcionar como recurso de aprendizagem e ajuda no trabalho em contexto, tornando o m-learning num valor acrescentado que não se encontra em outros paradigmas educacionais.
O interesse pelo m-learning tem levado algumas empresas fabricantes (ASUS, HP, APPLE) a diminuir os custos da compra de dispositivos móveis, como é o caso do recente lançamento do iPhone 3G (com um preço base bastante acessível) ou dos computadores ultra portáteis low cost .
O que nos reserva o futuro? Certamente o debate sobre tecnologias e o processo de ensino e aprendizagem. A pedagogia terá sempre de levar a dianteira relativamente à tecnologia através de uma combinação harmoniosa e com objectivos a atingir bem definidos. A tecnologia por si só não faz nada mas, inserida num plano pedagógico e metodológico estratégico, certamente, marcará a diferença. É urgente que a escola olhe para este novo paradigma e aproveite as suas potencialidades. Dado que a tecnologia evolui a um ritmo superior às práticas culturais da sociedade e das instituições de ensino, como refere Bernholz (2006) “each new technology has been introduced into society and school classrooms to great fanfare as well as to catcalls”, conduzindo a um hiato na sua imediata utilização, originando desperdícios de oportunidades. Estamos na era da Internet móvel, daquilo a que se chama “thumb generation” ou “geração do polegar” ou “geração SMS”, alusivo às mensagens curtas de texto. É pois urgente que a escola se adapte à geração polegar e aproveite estas destrezas para proventos educativos.

Adelina Moura

Sem comentários: