domingo, 30 de novembro de 2008

Web 2. 0 e aprendizagem colaborativa


A aprendizagem significa uma participação social num ambiente particular, não apenas na mente do indivíduo, ela não é apenas uma forma de conhecer sobre a nossa sociedade, é antes de mais, uma forma de se tornar nela um membro produtivo (Ayala, 2001). Vivemos num contexto de movimentos acelerados, marcado pela convergência de ambientes tecnológicos e pela multiplicação e popularidade das redes sociais na Web. Os ambientes de aprendizagem colaborativa, cooperativa e interactiva, sustentam-se num modelo pedagógico de construção do conhecimento colectivo e por consequência uma aprendizagem em rede.

Aprender no século XXI é ser social e aprender ao longo da vida. Neste contexto, os dispositivos móveis podem tornar-se excelentes auxiliares da aprendizagem colaborativa. Por exemplo, o iPod, muito popular nos Estados Unidos, é mais do que um simples leitor de música. Tem funcionalidades que podem ser usadas de diferentes formas para ensinar e aprender. Pode servir para disponibilizar planos de aulas, áudio, vídeo, criar podcasts, tirar notas, criar referências, disponibilizar quizes, usar o calendário, adicionar contactos, agregar RSS e partilhar conteúdos. O primeiro uso do iPod numa escola elementar em Albertville[1] foi a criação de podcasts pelos alunos sobre conteúdos curriculares. Apesar de algumas críticas ao uso de dispositivos móveis na escola, em particular o telemóvel, considerado por alguns como uma ferramenta para “copiar”, importa que a educação não continue a centrar-se tanto na memorização e mais em aprender o que é essencial na sociedade de hoje e do futuro e os dispositivos móveis podem ajudar nesta tarefa.

Com o recente lançamento do iPhone 3G abriu-se um novo capítulo nas potencialidades dos telemóveis. Os utilizadores podem, já hoje, com a ajuda de ferramentas Web 2.0 (blogue, wiki, mapas conceptuais, sistemas síncronos, portefólio digital, etc.), criar e estruturar conteúdos, contribuir para a construção de saberes e colaborar com os seus pares.

As comunidades de aprendizagem, as redes sociais (Hi5, MySpace, Facebook) são apenas dois exemplos que potenciam a aprendizagem colaborativa. Em que dois ou mais sujeitos constroem o seu conhecimento, pela reflexão, discussão e tomada de decisão auxiliados pelas tecnologias que actuam como mediadoras do processo de ensino e aprendizagem. E tudo isto é possível em qualquer lugar e a qualquer hora. O potencial da colaboração está bem patente nas palavras de Lévy, "a inteligência ou a cognição são resultados de uma rede complexa,... não sou eu que sou inteligente, mas eu com o grupo humano do qual sou membro. O pretenso sujeito inteligente nada mais é do que um dos micro actores de uma ecologia cognitiva que o engloba e restringe." (1994:135). Estará a escola preparada para reconhecer este potencial?

Começa-se a vislumbrar na cultura educativa uma abertura à mudança, ainda que ténue. Mas quais são as práticas e as oportunidades que os dispositivos móveis oferecem ao processo de ensino e aprendizagem colaborativa? Por exemplo, ambientes colaborativos que favorecem a interactividade e a construção de conhecimento colectivo podem ser acedidos através de dispositivos móveis, como é o caso das versões móveis do Google Docs ou das aplicações de produtividade Zoho.

O projecto eMapps.com vem mostrar como se pode transformar a sala de aula num recreio para a aprendizagem. Pesquisadores europeus (Innovations Report[2]) mostraram que as pessoas aprendem melhor quando estão entretidas, quando os planos curriculares estimulam o pensamento e a emoção, quando podem criativamente trabalhar à volta de objectivos complexos e quando as consequências das acções podem ser observadas. Através da utilização de dispositivos móveis como os PDAs, os telemóveis, os pesquisadores financiados pelo projecto da EU desenvolveram ferramentas interactivas e jogos, para atingir os objectivos de aprendizagem e disponibilizar o currículo utilizando as TIC (Nehrling, 2008).

As tecnologias sejam elas móveis ou fixas afiguram-se como ferramentas mediadoras na construção do conhecimento colectivo ou Inteligência Colectiva, nas palavras de Pierre Lévy (1994), o importante é potenciá-las tanto quanto possível.

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